Os copinhos e suas várias formas, por @kamperigena

Uma colaboração de Karina Rocha Campos, a @kamperigena, do twitter

Inciclo B e Fleurcup L

A minha história com os coletores menstruais começou em abril desse ano: graças às mulheres maravilhosas e empoderadas desse nosso Brasil, cheguei até o site do Inciclo e me encantei com todos os benefícios do copinho em relação ao absorvente externo e ao interno.

Os motivos pelos quais resolvi adotar o coletor menstrual e deixar de lado os absorventes comuns são:

  • o copinho nos dá mais liberdade e mobilidade durante o período menstrual;
  • não precisamos tentar disfarçar na roupa o volume feito pelo absorvente externo ou ter que lidar com o odor desagradável do sangue em contato com o ar que fica ali, parado, dentro da nossa calcinha.
  • Usando o coletor podemos ir à praia mesmo menstruadas, podemos ficar sem calcinha, podemos dormir tranquilas, podemos praticar esportes sem preocupações (até as acrobatas recomendam!) e ainda colaboramos com o meio-ambiente, gerando menos lixo a cada ciclo.
  • Além de tudo isso, ainda tem a questão financeira: um coletor menstrual custa, em média, 80 reais e pode durar até cinco anos. Já fez a conta de quanto dinheiro você gasta em absorventes comuns a cada período menstrual? Se multiplicarmos por doze, o número de meses do ano, com certeza teremos um número superior a 80 reais. Trocando em miúdos: o coletor menstrual é só a-le-gri-a.

Pelos meus 22 anos e aproximadamente 0 filhos, optei pelo Inciclo B. Assim que ele chegou, resolvi testá-lo, mesmo sem estar menstruada. Estranhei, não gostei do cabinho, achei que não fosse me adaptar. Veio a menstruação e com ela o alívio: tudo estava dando certo, já que o copinho cumpria o que prometia e me permitia esquecer que meu útero estava descamando. No segundo ciclo com o copinho, porém, passei a ter vazamentos moderados; comecei a pesquisar e testar dobras diferentes e também outras posições de inserção. Realmente, acertar de primeira não é fácil, pois não somos acostumadas a procurarmos o colo do nosso útero e direcionar o copinho na posição certa. Além disso, várias outras irregularidades podem acontecer: o coletor pode não abrir, ficar um pouco amassado devido ao assoalho pélvico mais forte ou não pegar o vácuo necessário. Aprender a lidar com todas essas possibilidades leva tempo, mas a minha situação era outra…

Dispositivo Intra-Uterino de cobre, o famoso DIU.

Em maio, optei por esse método contraceptivo de longa duração, e quem já leu sobre ele sabe que o fluxo das mulheres que o usam costuma aumentar. Batata! O Inciclo B já não dava mais conta do fluxo intenso causado pelo DIU. Naquele momento, nenhuma dobra ou posição diferente me ajudava, pois o coletor vazava bastante e eu precisei usar absorvente junto com ele para não me sujar. Fiquei muito, muito frustrada! Não queria mais voltar à rotina de usar absorventes externos; eles me irritavam, me faziam coçar inteira e ainda cheiravam mal… Só de lembrar eu fico triste. Cheguei à conclusão que, talvez, eu precisasse trocar de coletor e decidi comprar o Fleurcup L (L de “large”, grande).

O Fleurcup L e o Inciclo B têm dimensões bem diferentes: o Inciclo B comporta 25ml, enquanto o Fleurcup L comporta 29ml. Não parece muito, mas para quem tem que esvaziar o copinho a cada duas horas, 4ml a mais de capacidade já ajuda bastante. Já no que diz respeito ao tamanho, o Inciclo B tem 40mm de diâmetro, 56mm de comprimento e o Fleurcup L tem 46mm de diâmetro e 52mm de comprimento. O Inciclo B é mais compridinho e comporta menos sangue enquanto o Fleurcup L é mais gordinho, mas comporta mais sangue.

A maleabilidade também é uma questão importante: o Inciclo B é bem mais molinho do que o Fleurcup L; as moças que praticam esportes e têm o assoalho pélvico mais forte devem levar essa informação em conta, já que o copinho pode ser comprimido lá dentro e fazer o sangue vazar.

Esse é o primeiro ciclo que uso o Fleurcup. A única dobra que eu consigo segurar e inserir com sucesso é a Punch Down (procure vídeos sobre dobras no YoTube), e só consigo inserir sentada no vaso sanitário, com os músculos relaxados, as costas na parede e o quadril um pouco para frente. A remoção do coletor, que por ser bem maior que o Inciclo, ficou mais difícil, mas nada impossível ou doloroso. A maior rigidez do novo coletor me beneficiou, pois agora posso fazer movimentos de contração com os músculos pélvicos e o vácuo do coletor não se perde; isso acontecia com o Inciclo, que é mais molinho, e vazava quase que instantaneamente. Hoje tive um vazamento grande com o Fleurcup enquanto fazia compras (que desespero!), mas foi porque não havia esvaziado o coletor antes de sair de casa. Se ele enche, ele vaza.

Antes de ir às compras e do fatídico vazamento, andei alguns quarteirões até o ponto de ônibus, peguei o circular, assisti uma aula de duas horas e nada, absolutamente nada, vazou. Vida normal, esquecida de estar menstruada (e estou no dia de maior fluxo!). Agora me encontro sentada na cama, de pijama e sem calcinha. O coletor novo não permite que o sangue vaze em grandes quantidades, como acontecia com o Inciclo, mas ainda noto rastros de sangue bem tímidos quando me limpo ao ir ao banheiro; acredito que esse sangue seja aquele que fica nas paredes do canal vaginal e que escorre lentamente até a vagina. Para esse sangue, acredito que não há o que o coletor possa fazer.

Para escolher o coletor menstrual perfeito é necessário que você conheça seu corpo e sua anatomia. Faça o teste da altura do colo do seu útero para saber se ele é alto, médio ou baixo; conheça também a intensidade do seu fluxo e a força dos seus músculos pélvicos. A tabela abaixo traz os vários tipos de coletores menstruais, suas dimensões e outras informações importantes para você que quer comprar seu primeiro coletor. No Facebook, o grupo Coletores Brasil – Menstrual Cups, traz todo tipo de informação relevante às meninas e mulheres que usam o coletor menstrual. Procura lá e pede pra entrar para tirar as dúvidas.

Eu, por enquanto, sigo bem com o Fleurcup. Tô tranquila, tô de copinho 😉

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